Tuesday, December 28, 2010

O menino que queria voar

Em uma terra distante, certa vez um garoto que morava em um vale cercado por montanhas pediu a Deus que lhe desse asas, pois queria voar, ir para longe, muito longe e quem sabe tocar o cume do monte mais alto.

No outro dia quando acordou olhou pela janela de seu quarto e desejou ardentemente alcançar o cume do monte, parecia-lhe impossível e por isso mesmo ainda mais atrativo.

Planejou então sair de madrugada com o sol ainda raiando, começou a caminhada rumo ao monte, no caminho encontrou lagos límpidos, parou para beber agua, arvores com frutos os quais colheu e deles se alimentou e seguiu caminhando.

A grama era verde e macia de caminhar, ainda fria pelo orvalho da manha sentia as goticulas de agua hora tocando seu calcanhar, o vento um tanto frio denunciando o inicio do dia. Logo os primeiros raios do sol tornam a visão convidativa e compensadora.

A paisagem era nova, bela e atrativa e a caminhada apesar de exigir força e resistência lhe recompensava com a visão cada vez mais abrangente do vale. Apesar de o cansaço chegar não era hora de parar.

A subida cada vez tornando-se mais íngreme, mas o sonho de alcançar o cume também ia se tornando mais real. O garoto então toma um folego e corre, desabalada carreira morro acima sem parar respirar.

No ponto onde estava podia ver todo o vale, a pequena casa onde morava. Havia cumprido seu objetivo, chegado ao lugar que tanto queria, o ponto mais alto do vale e neste momento abriu os olhos, olhou ao redor , era seu quarto, sua cama, sua casa. Tudo fora um sonho mas compreendeu a resposta de sua oração.

Suas asas são os seus sonhos.


O ano esta terminando, que em 2011 cada um vá o mais longe que puder com suas asas.

Um excelente 2011 para todos !!!


Friday, December 24, 2010

Feliz Natal

Que este natal seja especial a todos na presença daqueles que amamos ....

Feliz Natal


Wednesday, December 22, 2010

A fábula do jovem ateu - Parte II

cO dia seguinte amanheceu ensolarado como de costume, nada na rotina laboral foi mudada, mas algo lhe chamou a atenção , um monte de capim seco estava queimando, algo lhe chamou a atenção entretanto, o fogo não consumia totalmente a moita.

Ao se aproximar pode ver que não havia ali nada de diferente, nada que justificasse o fogo , o monte de capim seco que ali havia seria consumido em segundos e no entanto continuava a queimar. “ Daqui a pouco se queima por completo” pensou.

Seguindo seus afazeres eis que a noite cai, voltando para casa viu a fogueira ainda a queimar, “ não é possível” pensou . Juntou um punhado de terra e jogou , o fogo seguiu queimando, juntou um punhado maior e atirou no fogo, nada.; pegou um balde de agua no poço e atirou na fogueira, não era possível, mas o fogo permanecia lá.

-O que há com a fogueira meu jovem, porque não apaga o fogo de um simples capim seco. - Era o senhor da noite passada

-….........................

-Eu vejo que não tens resposta, então eu assim como você não acredito no trabalho das tuas mãos.

-Eu sou um homem do campo, simples , me levanto todos os dias e trabalho duro, não sou um homem letrado, entendo da minha terra, da minha lavra.

-Teu pai lhe da todas as manhas a benção de lavrar tua terra, a força de com teu trabalho colher os frutos que ela de bom grado lhe dá.

-Eu tive fé um dia, e fiz minha oração na noite que meu pai morreu, desde este dia eu resolvi acreditar apenas no que vejo e no que posso tocar com minhas mãos.

-Pois chegou a hora de você tocar com o seu coração aquilo que tuas mãos não alcançam, porque as mãos de homem conhecem o limite, mas um coração com fé nem mesmo o céu o poderá segurar. - Agora estende sua mão e toca o fogo.

O fogo também não queimava, era como se fosse apenas uma imagem, “ Por isso não consome “

-A chuva que tanto tua terra anseia cai sobre maus e bons, assim como tua terra dá teus frutos a maus e bons, teu pai trilhou o caminho dos justos e hoje dorme, mas eu lhe digo que tens um pai a te guardar todas as manhas, a resposta está unicamente em você crer.

Por um momento ficou em silêncio fitando o fogo, sem nada dizer, lembrou-se do pai, pensou na terra e quando percebeu o homem não mais estava ali, restava apenas ele e o fogo que nada queimava, ele se ajoelhou e orou , falou com Deus que queria tentar ter fé, queria tentar acreditar.

Se levantou dali e foi se deitar, pensou em tudo que lhe ocorrera e sobre o estranho senhor que lhe aparecera por duas vezes, seria um anjo ?, sera mesmo que anjos existem? Dormiu sem ao certo saber em que momento.

Na manha seguinte foi acordado por um grande estrondo, um trovão anunciando a chuva sobre a terra.


Friday, December 17, 2010

A fábula do jovem ateu - Parte I

Em terras não tão longínquas um jovem agricultor levantou-se de sua cama como em todos os dias pela manha estando os primeiros raios de sol ainda a despertar. O jovem levanta-se decido senta-se a mesa, toma o desjejum costumeiro, fita o céu por um momento e vai ao trabalho.

Homem da terra, rústico e austero apesar da pouca idade, ávido pelo trabalho e de pouca fala, era o jovem também ateu, cria em seu trabalho, no suor de seu rosto e naquilo que era visível e palpável.

O jovem vivia com sua mãe e irmã e era o responsável pelo sustento do lar, desde o arar da terra até a venda das hortaliças na feira da cidade e a administração do dinheiro em casa.

Era comum vez por outra ouvir mãe e filho divergirem.

“ Menino, tenha mais fé pois Deus é quem abençoa o trabalho de suas mãos” dizia a mãe na esperança de que o filho se tornasse um homem de fé.

“ Eu tenho fé, mas se eu não levantar cedo para trabalhar Deus não terá nada que abençoar” respondia de pronto.

Os dias foram passando e a chuva não chegava, o solo aos poucos começa a sentir a falta da chuva, as plantas aos poucos começam a demonstrar que necessitavam de agua, as pastagens ao redor começam a perder a tonalidade verde, os pequenos lagos começam a encolher e aos poucos a região foi tomando outra forma, outra cor.

Os trabalhadores da região entram em estado de alerta, as famílias aos poucos necessitam andar para procurar agua pela região para seus animais e plantas e até para necessidades domesticas.

Por algum tempo o poço e o açude ajudaram o jovem, mas a situação estava em seu limite, pois sem as plantas não haveria o que vender e consequentemente não haveria dinheiro. A preocupação tomava o lugar do sono do jovem agricultor, temia por sua família muito mais por si.

“ Meu filho, tenha fé, Deus não permitirá que passemos necessidade” dizia a mãe sempre cautelosa e serena, o filho não lhe respondia palavra, seu silencio porém estava longe de sinalizar concordância ou consentimento.

Certa noite estava o jovem a andar pelo campo que tanto trabalho lhe dera para lavrar quando mesmo na escuridão deu-se conta de que não estava só, seu impeto foi sacar sua faca e virar-se rapidamente.

O homem diante dele sorriu e não demonstrou medo ou apreensão diante da arma em punho do jovem.

- Quem é você ? O que faz em minha terra ? - Disse o jovem.

- Sua terra ? O que faz você pensar que esta terra é sua?

-Vivo aqui desde que nasci com a minha família, herdei esta terra do meu pai e trabalho nela desde que nasci, construí estas cercas junto com meu pai antes dele morrer, quem é você ?

O homem diante dele se aproximou e com voz mansa disse.

-Eu tenho estado por um longo tempo, posso lhe dizer que estive aqui quando esta terra foi criada, quando a primeira relva cresceu aí mesmo onde você está pisando.

-Por que a faca, eu ofereço algum perigo? - O estranho mantinha a fala mansa e branda.

-Não quero estranhos na minha terra – A fala mansa e confiante do estranho despertavam tanto medo quanto desconfiança.

-Você confia mesmo que esta terra é sua, então porque deixa suas plantas morrerem sem agua?, você não percebe que a terra está seca ?

-Por onde tem andado nos últimos tempos que não soube do período de seca, toda a terra esta seca, não chove a tempos.

-Mas se me diz que a terra é sua, você devia ter cuidado dela, deveria ter regado.

-Vou perguntar pela ultima vez, quem é você e o que quer nas minhas terras.

-Eu sempre estive aqui meu jovem, sempre vivi nestas terras e todos esses anos e hoje em especial eu vim compartilhar isso com você. Todas as manhas quando levantava para lavrar sua terra, quando colhia seus frutos e os vendia para sustentar sua família, você nunca esteve sozinho , mesmo quando seu pai morreu e você era bem jovem.

-Você olha sua terra seca e morrendo cada dia, mas posso lhe dizer que um coração sem fé é semelhante a esta terra que você vê.

-Eu creio no que vejo, no que toco e no que consigo com o suor do meu trabalho.

-Façamos um trato, eu lhe esperarei aqui amanhã neste mesmo horário, e você me dirá como foi o resultado do teu trabalho.

Friday, December 10, 2010

E você, canta essa cantiga

Desenfreadas rimas repetidas
Sem verso prosa e poesia
De outras bandas frias melodias.
E você canta essa cantiga ?


Não há sol, cor ou maresia.
São Paulo , Rio de Janeiro e Bahia.
Nenhuma se encaixa nessa harmonia.
E você canta essa cantiga ?

Sons que não refletem o meu dia.
Não tem parte em minha lusofonia.
Distante da minha fadiga
E você canta essa cantiga?

Friday, December 3, 2010

Pobre de mim

Pobre de mim.
Debaixo deste céu.
Tristeza sem fim.

Pobre de mim.
Que choro meu pranto.
Da dor faço meu canto

Pobre de mim.
Que caminho sobre a terra.
Assolada, ressequida pela guerra.

Pobre de mim.
Que rezo baixinho.
Sem fé na minha oração.

Pobre de mim.
Negro, brasileiro e cidadão.
Solidão que não cabe em mim.