Friday, December 17, 2010

A fábula do jovem ateu - Parte I

Em terras não tão longínquas um jovem agricultor levantou-se de sua cama como em todos os dias pela manha estando os primeiros raios de sol ainda a despertar. O jovem levanta-se decido senta-se a mesa, toma o desjejum costumeiro, fita o céu por um momento e vai ao trabalho.

Homem da terra, rústico e austero apesar da pouca idade, ávido pelo trabalho e de pouca fala, era o jovem também ateu, cria em seu trabalho, no suor de seu rosto e naquilo que era visível e palpável.

O jovem vivia com sua mãe e irmã e era o responsável pelo sustento do lar, desde o arar da terra até a venda das hortaliças na feira da cidade e a administração do dinheiro em casa.

Era comum vez por outra ouvir mãe e filho divergirem.

“ Menino, tenha mais fé pois Deus é quem abençoa o trabalho de suas mãos” dizia a mãe na esperança de que o filho se tornasse um homem de fé.

“ Eu tenho fé, mas se eu não levantar cedo para trabalhar Deus não terá nada que abençoar” respondia de pronto.

Os dias foram passando e a chuva não chegava, o solo aos poucos começa a sentir a falta da chuva, as plantas aos poucos começam a demonstrar que necessitavam de agua, as pastagens ao redor começam a perder a tonalidade verde, os pequenos lagos começam a encolher e aos poucos a região foi tomando outra forma, outra cor.

Os trabalhadores da região entram em estado de alerta, as famílias aos poucos necessitam andar para procurar agua pela região para seus animais e plantas e até para necessidades domesticas.

Por algum tempo o poço e o açude ajudaram o jovem, mas a situação estava em seu limite, pois sem as plantas não haveria o que vender e consequentemente não haveria dinheiro. A preocupação tomava o lugar do sono do jovem agricultor, temia por sua família muito mais por si.

“ Meu filho, tenha fé, Deus não permitirá que passemos necessidade” dizia a mãe sempre cautelosa e serena, o filho não lhe respondia palavra, seu silencio porém estava longe de sinalizar concordância ou consentimento.

Certa noite estava o jovem a andar pelo campo que tanto trabalho lhe dera para lavrar quando mesmo na escuridão deu-se conta de que não estava só, seu impeto foi sacar sua faca e virar-se rapidamente.

O homem diante dele sorriu e não demonstrou medo ou apreensão diante da arma em punho do jovem.

- Quem é você ? O que faz em minha terra ? - Disse o jovem.

- Sua terra ? O que faz você pensar que esta terra é sua?

-Vivo aqui desde que nasci com a minha família, herdei esta terra do meu pai e trabalho nela desde que nasci, construí estas cercas junto com meu pai antes dele morrer, quem é você ?

O homem diante dele se aproximou e com voz mansa disse.

-Eu tenho estado por um longo tempo, posso lhe dizer que estive aqui quando esta terra foi criada, quando a primeira relva cresceu aí mesmo onde você está pisando.

-Por que a faca, eu ofereço algum perigo? - O estranho mantinha a fala mansa e branda.

-Não quero estranhos na minha terra – A fala mansa e confiante do estranho despertavam tanto medo quanto desconfiança.

-Você confia mesmo que esta terra é sua, então porque deixa suas plantas morrerem sem agua?, você não percebe que a terra está seca ?

-Por onde tem andado nos últimos tempos que não soube do período de seca, toda a terra esta seca, não chove a tempos.

-Mas se me diz que a terra é sua, você devia ter cuidado dela, deveria ter regado.

-Vou perguntar pela ultima vez, quem é você e o que quer nas minhas terras.

-Eu sempre estive aqui meu jovem, sempre vivi nestas terras e todos esses anos e hoje em especial eu vim compartilhar isso com você. Todas as manhas quando levantava para lavrar sua terra, quando colhia seus frutos e os vendia para sustentar sua família, você nunca esteve sozinho , mesmo quando seu pai morreu e você era bem jovem.

-Você olha sua terra seca e morrendo cada dia, mas posso lhe dizer que um coração sem fé é semelhante a esta terra que você vê.

-Eu creio no que vejo, no que toco e no que consigo com o suor do meu trabalho.

-Façamos um trato, eu lhe esperarei aqui amanhã neste mesmo horário, e você me dirá como foi o resultado do teu trabalho.

1 comment:

O Antagonista said...

Caro Zek, obrigado pelos elogios... Mas, em termos de escrita, ainda preciso aprender muito com gente de talento como você, por exemplo.

Os textos continuam sendo publicados, mas agora no endereço www.oantagonista.blogspot.com.

Valeu, abração!